Por que medir o engajamento dos colaboradores?
Muitas
vezes, pesquisadores e profissionais tendem a avaliar o engajamento com base em
instrumentos de modo espaçado no tempo. Porém, o que as pesquisas têm
demonstrado é que até mesmo funcionários altamente engajados podem ter um dia
ruim e, às vezes, apresentar um desempenho abaixo do que sempre apresentam.
Desde
então, muitos avaliadores passaram a acompanhar as mudanças diárias do
engajamento no trabalho, coletando informações dos padrões de engajamento dos
colaboradores com mais detalhes, ao longo do tempo. O que eles perceberam é o
óbvio (que muitas vezes precisa ser dito): as pessoas mudam ao longo dos
dias.
Uma
das soluções sugeridas foi a de que as pesquisas de engajamento sejam
realizadas a partir do relato dos colaboradores, perguntando sobre como
lembravam que se engajaram nos últimos meses. Apesar de ser uma solução
simples, ela é obviamente falha, principalmente considerando a natureza da
nossa memória de longo prazo e capacidade de recordação. Metodologicamente
essas informações não seriam confiáveis.
A
verdade é que, para investigar o Engajamento, é
essencial coletar informações de forma contínua, como uma
experiência momentânea, transitória e que flutua ao longo do tempo.
Determinados fenômenos exigem determinados tipos de medida, por isso, você não
pode medir o Engajamento com base em recortes no tempo, pois, é da natureza do
Engajamento a sua fluidez e mutabilidade.
A
vantagem em adotar pesquisas contínuas de engajamento está no fato de prevenir
os riscos dos vieses de memória. Mas, também, por permitir a identificação de
correlações mais claras entre os níveis de Engajamento encontrados e eventos
importantes que estejam ocorrendo na organização, contribuindo para ações mais
rápidas e assertivas, visando contornar perdas em termos do desenvolvimento das
pessoas e do desempenho no trabalho.
Uma
forma simples de solucionar essa dificuldade, é com o auxílio da
tecnologia, por meio das pesquisas de pulsos que, ao longo
do tempo, vão coletando as percepções dos colaboradores e permitindo uma
análise estatística mais acurada do Engajamento, sem encher os colaboradores de
perguntas e sem perder a experiência mutável e fluída do Engajamento no
trabalho.
MEDIR O ENGAJAMENTO É IMPORTANTE?
Na
literatura, pesquisas demonstram que engajamento impacta em diversos
resultados organizacionais. Em relação ao nível organizacional, podemos
citar: maior margem de lucro, melhor desempenho dos colaboradores,
maior fidelização dos clientes, maior produtividade, maiores
retornos aos acionistas, menores incidentes de segurança.
Em
termos individuais, os colaboradores tendem a apresentar menos estresse,
mais saúde física e psicológica, melhor balanço de vida pessoal e profissional,
menor tendência de desistência, mais satisfação com o trabalho,
entre outros.
Alguns
desses resultados foram calculados em termos de percentual, demonstrando que os
maiores níveis de Engajamento estão relacionados com:
Quando
estamos atentos ao nível de Engajamento da organização, também estamos cuidando
da sustentabilidade do negócio, considerando fatores como capital humano,
motivação dos colaboradores, índice de turnover e resultados
financeiros e operacionais, além da própria qualidade de vida e
segurança das pessoas no trabalho.
Então,
se o engajamento é um fenômeno voltátil, o mundo dos negócios, com certeza, é
ainda mais. Dessa forma, uma coisa é certa: se as empresas pretendem ser
bem-sucedidas, em tempos de volatilidade, os líderes precisam entender e
contribuir de forma ativa para ouvir continuamente seus colaboradores e estar
atentos para a experiência dos colaboradores em sua empresa. Do contrário,
estarão tomando medidas atrasadas, em um cenário competitivo e de mudanças
constantes.
__________
Referências
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