Stock options é um termo em inglês que pode significar “opções de compra de ações”. Resumidamente, é uma estratégia de muitas empresas que permite aos colaboradores comprar ações da corporação em que atuam, caso tenham interesse.
Essa prática é usada principalmente por startups para incentivar os colaboradores a se comprometerem mais com o negócio. Empresas de capital aberto ou que pretendem entrar em uma bolsa de valores também costumam utilizar.
Geralmente, a oferta de essa opção faz parte do pacote de benefícios, como forma de despertar o senso de dono.
É uma maneira de estimular nos colaboradores o sentimento de pertencimento ao possibilitar que sejam efetivamente parte do negócio. Também é um jeito de motivá-los para atuar com disposição para gerar mais resultados para a empresa.
A ideia principal é que a partir do momento em que o colaborador aceita possuir uma parcela da empresa, sua dedicação para alcançar retorno será maior. Assim, o lucro da empresa aumenta e, consequentemente, a cotação de suas ações. Ou seja, o seu próprio lucro.
Além disso, a estratégia de oferecer essa opção como benefício colabora para a permanência de talentos nas empresas.
Para poder comprar suas ações, as pessoas contratadas precisam atender a alguns compromissos dos programas de incentivo das companhias. Nesse tempo, os vínculos entre colegas de trabalho se fortalecem, o que contribui para um ambiente de trabalho saudável e colaborativo.
Essas são algumas das razões para um número cada vez maior de empresas oferecerem ações como benefício para os colaboradores. Mas o interesse no assunto não para por aí. Vamos, juntos, entender melhor porque essa estratégia é tão atrativa para os negócios.
A atração e permanência de talentos é um dos motivos para as empresas elaborarem um plano de oferta de ações para os colaboradores.
Segundo o fundador e CEO da startup americana Veeve, Shariq Siddiqui, a pretensão salarial de engenheiros e desenvolvedores, por ser muito alta, tornava-se uma barreira para as contratações.
Mas ao dar a opção de compra de ações como forma de instigar os novos colaboradores a trabalhar para a startup alcançar o sucesso e eles lucrarem com isso, a questão se resolveu.
O que Siddiqui fez ? e outras empresas estão fazendo ? com essa oferta de ações possibilita aumentar os ganhos de seus colaboradores sem que a empresa corra riscos financeiros. Afinal, os valores aos acionistas só são pagos se as ações se valorizarem.
De certa forma, isso facilita o trabalho de profissionais da área de Aquisição de Talentos que, muitas vezes, esbarram na questão salarial em muitas das contratações. As ações entram no pacote de remuneração, mas sem comprometer o caixa da empresa no curto prazo.
Depois, dificilmente os colaboradores saem da organização antes de poderem dispor do benefício das ações, pois há um tempo de carência a ser respeitado. Isso contribui para a permanência dos profissionais na empresa por um período mais longo de tempo.
Na fintech de cashback e pagamentos Méliuz, por exemplo, esse tempo de carência para poder comprar e vender as ações, chamado de cliff, é de três anos. Qualquer colaborador que deixar a empresa antes desse prazo, perde o direito a esse benefício.
Outra mudança provocada pela oferta de ações da organização aos profissionais que dela fazem parte é nas relações de trabalho.
Embora cada pessoa detenha um percentual diferente da empresa, colaboradores, fundadores, conselheiros e afins não mais estão em posições diferentes. Por serem todos acionistas, ambos ocupam o mesmo lado da mesa e o trabalho de todos influencia diretamente nos resultados da empresa.
Portanto, essa oferta aos colaboradores é algo que pode favorecer as organizações de diversas formas, principalmente em termos de manutenção da longevidade do negócio.
As empresas podem escolher entre dois tipos para sua oferta. São eles: Phantom stock option e stock option em sentido estrito.
Também conhecido como Phantom Shares ou Planos de Opções Fantasma, esse tipo de ações é concedida especialmente aos colaboradores que a empresa considera imprescindíveis para o seu desenvolvimento e crescimento.
O termo ?fantasma? é usado porque não há de fato uma transação de compra e venda de ações.
Portanto, como não há transferência de ações da empresa para o colaborador, ele não faz parte do grupo de acionistas. Ainda assim, recebe o valor correspondente ao preço atualizado das ações como uma forma de bonificação ou gratificação pelo cumprimento de métricas internas de desempenho.
É quando o colaborador realmente faz uso do seu direito de comprar as ações da empresa ou de organizações que compõem o mesmo grupo econômico.
Para que a transação ocorra, é preciso que sejam obedecidas algumas regras. Geralmente, os termos constam no contrato que é firmado entre as partes, conhecido como contrato de Vesting.
Esse contrato não é padrão. Cada empresa tem autonomia para definir as próprias condições. Precisam, apenas, observar as normas do Banco Central.
Qualquer tipo de oferta de ação é uma forma de obter acionistas com habilidades essenciais para o negócio. E esse talvez seja um dos grandes benefícios dessa estratégia. Além de outros que podem ser relacionados.
Uma empresa que implementa essa estratégia pode esperar mais do que resultados financeiros com a oferta de ações aos colaboradores. Outros ganhos surgem quando as pessoas se tornam acionistas: engajamento, pertencimento e afinidade.
Muitas pessoas sentem-se motivadas nas empresas, mesmo não sendo acionistas. Mas entre aquelas que têm essa possibilidade, a motivação para ter um bom desempenho é ainda maior.
Afinal, o trabalho que executam não contribui apenas para a lucratividade da empresa, mas também para o aumento do próprio patrimônio pessoal.
A sensação de pertencimento aumenta quando um colaborador detém ações da empresa. Isso desperta nele a cultura ownership, ou seja, a “cultura de dono”.
O colaborador aumenta o seu comprometimento, sem contar que exerce mais sua autonomia para tomar decisões por se ver realmente como dono da empresa — o que é um pouco, de fato, por possuir ações.
O entendimento de quem levanta de manhã e vai trabalhar para usufruir de salários e benefícios é diferente daquela pessoa que vai trabalhar para ver seu negócio render.
Nesse segundo ponto, o comprometimento em fazer um trabalho cada vez mais qualificado move cada iniciativa. E como é um coletivo de pessoas nessa mesma vibração, a conexão com os colegas de trabalho e com o negócio atinge um alto nível de afinidade.
A Cora é uma fintech que oferece conta digital PJ livre de tarifas que desde 2019 permite aos funcionários o direito de compra de ações da empresa.
O plano inicial era possibilitar aos 50 primeiros colaboradores que se tornassem acionistas. Mas ?o resultado foi tão incrível?, segundo o fundador e CEO da Cora, André Fróes, que decidiram estender a oportunidade para outros interessados.
A startup de finanças que visa automatizar a divisão de despesas expõe as opções de compra de ações para os colaboradores que chegam.
A empresa criou combinações em que aqueles com salário mais alto se tornam ?donos? com um percentual menor de ações, por exemplo, e aqueles com salário mais baixo detêm muitas ações, enquanto outros recebem meio a meio.
A Pomelo é uma fintech que desenvolve infraestrutura de serviços financeiros. Todos os 280 colaboradores da empresa no Brasil, Argentina, México e Colômbia têm esse benefício.
De acordo com o que o líder de Experiência do Cliente (CX) da Pomelo, Fabrício Bittar, destacou em entrevista ao Portal Terra, isso aumentou o engajamento e a proatividade desde que os colaboradores puderam se tornar acionistas.
Mas se a empresa ainda não está no momento de ofertar stock options, não há com o que se preocupar. É possível engajar os colaboradores de outras formas. As principais estratégias estão no checklist com 11 dicas eficazes para motivar equipes. É um bom recurso para promover a cultura da empresa.