Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas revelou que, após o período que se estende por até 24 meses após o retorno da licença-maternidade, quase metade das mulheres pede demissão do emprego. Esse é um dos dados que reforçam a necessidade de lideranças e profissionais de RH debaterem sobre maternidade e trabalho.
De que forma é possível alinhar as necessidades das mães trabalhadoras aos objetivos da empresa para evitar o turnover dessas profissionais?
Se essa é também a sua preocupação, confira a seguir quais problemas as mulheres enfrentam após se tornarem mães. Assim vai ficar mais fácil saber o que fazer para evitar que eles culminem no desligamento dessas colaboradoras.
Ainda de acordo com a Fundação Getúlio Vargas, a maior parte do rompimento do contrato de trabalho de mulheres que se tornaram mães ocorre sem justa causa. Na maioria das situações, o que ocorre é o pedido de demissão voluntária.
Esse fato acaba por aumentar a taxa de turnover das empresas e, consequentemente, gera mais custos ao negócio.
Quando a investigação se aprofunda um pouco mais, a fim de compreender melhor o perfil dessas trabalhadoras, constata-se que 51% apresenta nível baixo de escolaridade.
Além disso, a pesquisa indicou que, no Brasil, mesmo com licença de 120 dias e expansão de creches, a quantidade de mulheres que se afastam do mercado de trabalho ainda é grande.
Esses dados trazem à tona uma série de fatores internos e externos que não devem ser ignorados pelas empresas. Os mais comuns são:
Existe uma falsa ideia de que mulheres que decidem ser mães podem prejudicar a produtividade de um negócio. O preconceito se inicia no recrutamento e acaba permeando todas as etapas da jornada do colaborador.
Nesse caso, estar grávida ou ter filhos em idade escolar, por exemplo, tende a ser um fator de exclusão, mesmo que a profissional apresente todas as qualificações necessárias para ocupar o cargo.
Não é incomum ouvir relatos de mulheres que, durante uma entrevista de emprego, são questionadas, por exemplo, a respeito da idade dos filhos, com quem eles ficariam se ficassem doentes, se vão à escola, entre outras perguntas.
Quando a mulher já faz parte da equipe, por mais equivocado que seja esse imaginário, existe a falsa ideia de que ela usará esse período de estabilidade para faltar desenfreadamente ou executar suas tarefas sem o devido comprometimento.
Isso sem contar que algumas empresas pressionam as profissionais para não ter filhos, com a promessa de que podem se destacar no trabalho e ocupar melhores cargos, reforçando o imaginário de que filhos e carreira não são compatíveis.
Mesmo quando a mulher não pede demissão ou não é desligada, ela corre o risco de não evoluir profissionalmente dentro da empresa. Quando ela retorna da licença-maternidade, pode ser recebida com a redução de suas responsabilidades.
Isso tende a gerar um quadro de frustração, sobretudo para quem dá o melhor de si para atender às expectativas da empresa e ser reconhecida pelo empenho em fazer com que sejam obtidos os melhores resultados.
Outro problema enfrentado na relação maternidade e trabalho é a falta de empatia, que se revela em uma série de pressões e cobranças que desconsideram a nova rotina dessas mulheres.
Horas extras, cobranças além do esperado e imposição de metas abusivas são alguns dos exemplos de desafios enfrentados pelas mães. O grande problema é que elas acabam desenvolvendo uma sensação de fracasso.
Isso reforça ainda mais o imaginário de que é impossível ter uma carreira de sucesso quando se tem filhos. Geralmente, essa rede de frustrações desencadeia uma série de efeitos, como você verá no tópico a seguir.
Os desafios da maternidade e trabalho geram efeitos colaterais que podem impactar diretamente na trajetória da profissional a médio e longo prazo, o que pode trazer dúvidas em relação à sua competência. Veja quais são esses efeitos:
Com tanta pressão, a mulher que deseja ser mãe tende a escolher entre dois caminhos: adiar a maternidade ou abrir mão da carreira profissional por algum tempo, até que os filhos cresçam e se tornem menos dependentes.
Na segunda situação, quando ela sente que é hora de retornar ao trabalho, pode se deparar com uma série de dificuldades Um deles é o salário inferior, em comparação ao que recebia da gestação.
Cargos de liderança são mais difíceis de se conseguir, sobretudo por conta dos demais problemas apresentados nos tópicos anteriores.
Não é à toa que algumas mulheres se veem obrigadas a mudar completamente de profissão para se adequar ao novo ambiente a elas imposto.
O preconceito e a pressão sobre a colaboradora que se torna mãe tendem a causar insegurança, sensação de fracasso e problemas com autoestima. Além disso, o desequilíbrio emocional pode se transformar em burnout, ansiedade e depressão.
Segundo estudo realizado pela Universidade Baylor, gestantes que sofrem pressão no trabalho podem entrar em trabalho de parto prematuro, aumentar a frequência de consultas com o obstetra e desenvolver depressão pós-parto.
A decisão de ter ou não filhos deve partir única e exclusivamente da colaboradora. No entanto, as empresas podem exercer influência na decisão.
Muitas vezes, a mulher foca em sua vida profissional em detrimento dos desejos pessoais pelo medo de perder o emprego ou de não conseguir se recolocar no mercado de trabalho após o nascimento dos filhos.
Como conciliar maternidade e trabalho não é pauta em muitas empresas, a desistência acaba sendo a saída.
Mesmo quem não desiste de apostar na maternidade e na profissão, sofre os efeitos desse cenário. Muitas mulheres acabam se sentindo inseguras profissionalmente, o que pode interferir na própria percepção a respeito do seu valor para a empresa.
É comum ver mulheres que evitam falar de seus filhos no ambiente de trabalho por medo, por exemplo, dos seus líderes culparem a maternidade caso algum problema aconteça e de serem desligadas.
É preciso desconstruir a ideia de que maternidade e mercado de trabalho no Brasil são duas coisas antagônicas.
Mulheres com filhos contribuem positivamente para o sucesso da organização de diferentes maneiras.
Elas podem desenvolver novas habilidades relacionadas à atenção, foco, criatividade, gestão de tempo, entre outros elementos que decorrem da rotina materna.
Além disso, podem proporcionar uma visão única desta experiência, trazendo inovação para o negócio através de soluções que considerem a realidade das mães.
Afinal, elas também fazem parte da sociedade e consomem produtos das mais diversas empresas. Assim, é preciso que as organizações estejam atentas a esse público.
Para acolher as colaboradoras que são mães, empresas dos mais variados nichos podem focar na tomada de medidas que visam dar todo suporte, desde o planejamento gestacional, licença maternidade e retorno ao trabalho.
É preciso criar um ambiente inclusivo que contemple os seguintes elementos:
Lembre-se também de que trabalhar o bem-estar emocional dos colaboradores é fundamental para a criação de um ambiente saudável e produtivo. Isso interfere positivamente nas relações de respeito, sobretudo com as mães.
A Pulses, em parceria com a Vittude Corporate, criou um guia com 24 recomendações para trabalhar o bem-estar emocional na empresa.
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