A liderança feminina é um desafio da diversidade de gênero nas empresas e garante maior igualdade e mais produtividade dos times, por isso, é importante que as empresas saibam como podem contribuir para garantir o crescimento dos negócios e da sociedade.
As discussões sobre ações de Diversidade e Inclusão aumentam a cada dia no mundo corporativo, e a liderança feminina entra nessa pauta.
A falta de representatividade da mulher ainda é um problema.
No Brasil, o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicado em 2021, apontou que 63% dos cargos gerenciais são ocupados por homens. As mulheres atuam somente em 37%.
O foco, porém, não é só o índice baixo. Ele se divide com um problema maior: em 2018, o mesmo estudo indicava 39% dos cargos gerenciais sendo ocupados por mulheres no País. Ou seja, o número caiu.
Como as empresas podem contribuir para reverter essa realidade? Qual é o papel do RH e por que a igualdade de gênero é um ponto positivo para o crescimento dos negócios e da sociedade?
Falaremos sobre isso — e sobre vários outros aspectos importantes referentes ao tema — neste artigo!
O assunto está em vários sites de pesquisas sobre gestão e os números comprovam o quanto, ano a ano, os ganhos são pequenos em equidade de gênero dentro das empresas.
Há mais de cinco anos, a McKinsey realiza um diagnóstico sobre a situação das mulheres no mercado em toda a América.
Os últimos resultados revelaram que, em geral, a cada 100 homens promovidos a gerentes, 86 mulheres alcançam essa posição. Isso significa que um déficit é gerado mais à frente, com menos mulheres para, futuramente, assumirem cargos mais altos.
No quadro abaixo, podemos observar o quanto essa mudança é vagarosa em todos os níveis de C-Levels. Entre 2016 e 2021, foram poucos os pontos percentuais de avanço na comparação entre homens e mulheres em altos cargos:
Ao olharmos especificamente para a América Latina, as mulheres representam uma pequena parcela de 11% dos cargos executivos. Mais da metade das empresas latinoamericanas não possuem representação feminina nas equipes executivas.
Muitas publicações e estudos indicam que as corporações estão mais comprometidas em aspectos voltados a Environmental, Social and Governance (ESG) e em soluções para a desigualdade de gênero.
Fazer com que esses temas ganhem destaque em discussões é um primeiro passo. Porém, é preciso garantir que esses sejam valores reconhecidos e praticados no dia a dia das empresas.
Um relatório da Deloitte Brasil, por exemplo, concluiu que o principal impedimento para o sucesso de iniciativas voltadas a transformações e conscientização das equipes é a resistência interna. O ambiente de negócios ainda é descrito como conservador.
As conclusões dos respondentes são uma crítica à postura das empresas nesse caso. Por essa razão, entender bem as características e o perfil de um negócio é indispensável antes de qualquer ação:
Fonte: Diversidade, equidade e inclusão nas organizações ? Pesquisa 2021
Essa mesma pesquisa da Deloitte demonstra que, de todas as empresas consultadas, apenas 23% possuem mulheres ocupando mais da metade dos cargos de liderança.
Com a finalidade de avaliar se as políticas de inclusão e equidade da corporação estão sendo eficazes, algumas recomendações devem ser observadas.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), mesmo com oportunidades iguais e iniciativas de Diversidade e Inclusão, 60% das empresas não atingem a meta mínima da liderança feminina.
A entidade considera que uma companhia precisa ter, pelo menos, 30% das mulheres em cargos de liderança para começar a identificar os benefícios de um ambiente diverso.
Para a OIT, o equilíbrio só acontece quando a alta administração possui uma distribuição de gêneros variando de 40% a 60%.
Contar com a diversidade de gênero em cargos de liderança traz vantagens para o desenvolvimento do negócio, para a equipe e para a sociedade:
O bem-estar e o conforto emocional de quem trabalha em uma corporação só podem ser contemplados quando os valores de integração são praticados com autenticidade.
Portanto, é claro que o propósito da igualdade deve estar acima de qualquer ocasional ganho financeiro ou de performance.
As avaliações dos institutos de pesquisa mostram que a parcela feminina de liderança atua com medidas mais consistentes no ambiente de trabalho rumo ao bem-estar das equipes.
Isso inclui atividades de gerenciamento da carga de trabalho e suporte para enfrentar desafios (profissionais e pessoais).
Elas também são mais dedicadas a formar alianças. Buscam e defendem novas oportunidades, e se dispõem a enfrentar ativamente episódios de agressão e discriminação com pares e pessoas lideradas. Com isso, a colaboração entre as pessoas tende a melhorar.
O conjunto de todos esses pontos favorece um ambiente com um clima organizacional bem avaliado, com pessoas mais felizes e engajadas no dia a dia da empresa.
Os obstáculos com os quais as mulheres precisam lidar no ambiente profissional têm muito a dizer sobre os pontos a serem revertidos no mercado de trabalho. A sub-representatividade feminina reflete a autoridade minada e os questionamentos sobre suas competências.
Vamos entender, na sequência, o que mais impacta de forma negativa a evolução da presença feminina em cargos de liderança.
A Catho fez uma apuração para comparar os salários pagos a homens e mulheres em funções de gestão. Em resumo, o que se constatou foi que:
A disparidade de valores aparece em vários outros níveis hierárquicos. A diferença demonstra o quanto a influência histórica e cultural se reflete na atualidade, uma vez que a escolaridade não é uma diferença entre os gêneros.
A parcela feminina abordada pela pesquisa possui formação igual, ou até superior, à dos homens.
A discriminação é um fator muito presente, e não são poucos os episódios de comportamentos desrespeitosos contra mulheres. A própria diferença salarial já é um exemplo, mas vamos além.
Agressões veladas, falta de oportunidade, assédio sexual e moral são alguns dos resultados trazidos pela barreira do preconceito.
Culturalmente, boa parte das funções com filhos e com a casa são assumidas por mulheres.
Isso pode ocasionar sobrecarga, levar a transtornos e esgotamento. Também são comuns questionamentos no trabalho sobre a performance das profissionais por conta da dupla dedicação.
Por outro lado, mulheres solteiras — mães ou não — também são constantemente observadas e questionadas por suas escolhas.
Para superar todas as dificuldades, muitas vezes as mulheres em cargos altos trabalham mais do que o normal e assumem mais funções do que deveriam.
A necessidade de atingir metas elevadas e se provar autossuficiente pode prejudicar a saúde mental, a autoconfiança e a vida pessoal das profissionais.
Valorizar e promover mulheres na liderança das organizações é uma maneira de legitimar essa igualdade e de fortalecer posicionamentos para erradicar situações como as citadas no tópico anterior.
Para tanto, algumas ações podem ser planejadas e executadas, como:
Assim como os demais grupos minorizados, garantir maior presença da liderança feminina no mundo corporativo precisa de abrangência e de maturidade.
Avaliar o pulso da organização com relação a essas temáticas pode proporcionar demonstrativos fundamentais sobre a essência de um negócio. Afinal, como vimos, de nada adianta não incorporar o valor da diversidade de gênero à cultura organizacional.
A Pulses desenvolve um trabalho para diagnóstico e melhor compreensão sobre Diversidade e Inclusão nas empresas, em parceria com a Nohs Somos. Que tal saber mais sobre o assunto?
Clique aqui e saiba mais sobre nossa Pesquisa de Diversidade e Inclusão!
Neusa Lazary
Conteúdo exposto muito claro e objectivo.
Não è fácil sequer colocar na mesa essa temática.
Falar sobre o assunto principalmente para homens è visto como um desafio no lado negativo. Vamos a luta e sabermos que o desafio Não è fácil mas não deve ser deixado de lado.
Luzia Robredilho da trindade
Maravilha, de conteúdos
Rômulo Maranhão
Bom dia Elizabeth,
Excelente texto ! A prática comprova que a liderança Feminina vem se destacando cada vez mais neste ambiente corporativo tão fragilizado emocionalmente !Infelizmente os dados ainda comprovam que grande parte das organizações ainda não abriram os olhos para esta realidade. Tive oportunidade de liderar um programa de mentoria para liderança feminina numa empresa e pude comprovar na prática os ganhos deste tipo de ação. Parabéns pela abordagem do tema e espero, em breve, ver as estatísticas de posicionamento de Líderes nas organizações , refletindo o verdadeiro potencial que as Líderes Femininas possuem.