E se, em vez de prevenir crises, conflitos e situações inesperadas, você experimentasse uma nova possibilidade de encarar os desafios corporativos com o comportamento antifrágil?
Esse termo ganhou espaço entre gestores de RH e times de liderança, e sugere uma mudança de postura que pode criar oportunidades na rotina das empresas.
O conceito acompanha a volatilidade de um mercado que atravessa rápidas transformações, e pode ser um fortalecedor frente aos problemas.
Parece confuso?
Então, prossiga com a leitura para entender melhor essa perspectiva de gestão de pessoas e avalie o quanto seria viável aplicá-la ao seu negócio.
Seja no trabalho ou na vida pessoal, sempre estamos sujeitos a enfrentar adversidades. São ocasiões que não esperamos e não conhecemos. Diante disso, ser antifrágil significa passar por esse tipo de circunstância e tirar proveito por meio de aprendizados.
Ou seja: a antifragilidade corresponde à compreensão sobre a existência de conflitos e episódios desfavoráveis, com potencial de provocar um indivíduo a seguir em frente.
Ela se manifesta quando uma pessoa aprecia a aleatoriedade, a incerteza e os erros, beneficiando-se de tudo isso. Consequentemente, a lógica é a de que essas dificuldades podem impulsionar uma série de avanços.
A palavra antifrágil não existe no dicionário, e foi proposta por Nassim Nicholas Taleb como o antônimo de frágil. O matemático, ensaísta, autor, estatístico e analista de riscos, é um nome de referência no mercado financeiro mundial.
O lançamento da obra ?Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos”, considerada um bestseller, marcou a difusão do conceito.
A obra foi resultado de divagações do autor em um livro anterior, “A Lógica do Cisne Negro”. Nele, Taleb aborda a recorrência de fatos inesperados e nomeia as situações imponderáveis como “Cisne Negro”.
É uma introdução à ideia de antifragilidade.
O termo foi escolhido para fazer um comparativo às aparições dessa ave na Austrália, no século XVII, e incorpora características como:
Com a sequência em ?Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos”, o autor sugere que, de certa forma, a desordem e o recusado têm chances de se reverterem em fatos positivos.
Pela densidade, o conteúdo se divide em sete livros menores e utiliza exemplos antigos para explicar o quanto a antifragilidade foi importante para a evolução do homem até o mundo contemporâneo.
Taleb coloca a palavra “resiliência” em um mesmo grupo, junto a “forte” e “inquebrável”. Ele faz isso para explicar o porquê de não ter definido nenhuma delas como o oposto de frágil.
Para o autor, as três se referem a situações neutras e robustas. Isso quer dizer que, mesmo atravessando acontecimentos infelizes, essas características fariam com que algo ou alguém permanecesse o mesmo.
Falando especificamente da resiliência, que deriva do mundo da física, é um atributo que se refere à capacidade de retomar o estado normal depois de uma deformação ou pressão externa. Portanto, não expressa a antifragilidade.
Vale, então, completarmos essa explicação com as definições:
Frágil: o que se danifica ou estraga sob pressão externa
Antifrágil: aquele que supera situações inesperadas, mudanças e pressão com aprendizado e crescimento
Para Renato Navas, CEO da Pulses, o cenário moderno é composto por fatores que tornam perfis como o antifrágil mais adaptável.
Estamos imersas e imersos em transformações conduzidas por novas gerações, diversidade, trabalho remoto, inclusão e muitos outros acontecimentos simultâneos.
“A gente não pode tratar a realidade híbrida ou a atual com as mesmas premissas e expectativas que tínhamos ou usávamos no mundo offline. Mas podemos aproveitar esse momento de caos, de muita ansiedade e muita incerteza — no aqui e no agora, porque é o que existe — para transformar essa realidade em algo completamente novo.” Renato Navas ? CEO Pulses
A pandemia é um excelente exemplo de uma reviravolta a nível global. De acordo com a McKinsey, quatro macrotendências estão impactando as regras de gestão já conhecidas:
Nenhum dos tópicos acima é novidade, mas a aceleração desses processos cobrou mais agilidade e atenção com a estrutura organizacional.
Ter consciência sobre a existência de fatores externos e encarar esse novo cenário com naturalidade foi a melhor solução. Os modelos emergentes são criativos, adaptáveis e antifrágeis, segundo a análise da McKinsey.
As ações do RH refletem em toda a companhia e representam um espelho sobre os comportamentos e traços de cultura organizacional que se pretende cultivar na empresa.
O RH Ágil é um perfil compatível com a gestão antifrágil. O ritmo desse modelo para tomadas de decisão e adaptabilidade estão bem próximos do que a antifragilidade propõe.
Portanto, em se tratando de como aplicar esse modelo de gestão, alinhar o discurso às práticas de rotina é o primeiro passo. Em rituais de gestão e no desenvolvimento das lideranças, por exemplo, deve-se trabalhar a mentalidade baseada em fatores como:
Se a metodologia ágil ou a antifragilidade ainda estão distantes, vá com calma! Essa é uma das recomendações do conceito antifrágil.
A estratégia Barbell, sugerida por Taleb no livro sobre antifragilidade, é uma oportunidade para definir planos de ação no RH. Ela consiste em definir uma margem de risco para evitar rompimentos e prejuízos.
Funciona assim: 10% de um planejamento pode se arriscar com medidas extremamente incertas, enquanto 90% permanece focado em iniciativas seguras e garantidas.
É uma forma de proteger-se de cenários negativos, permitindo-se fazer experimentações sem grandes impactos.
Um exemplo simples pode ilustrar isso: como gestor, você pode imaginar que a melhor saída seja mudar completamente o programa de benefícios da empresa. Porém, em vez de fazer isso de forma radical, o melhor é experimentar pequenas alterações durante um período.
Depois de perceber uma reação positiva dos colaboradores, é chegada a hora de anunciar um movimento maior.
Recorrer a uma boa base de dados pode ajudar muito nesse contexto. Independente do modelo de gestão, ser data driven é essencial.
Com comparativos e relatórios sobre as impressões da equipe e as informações necessárias, pode-se articular tudo isso com mais cautela.
Quando os riscos são menores, podemos nos permitir mais ousadia e antifragilidade!
Incluir o mindset da antifragilidade na empresa depende de uma análise dos processos, de aspectos da cultura e do clima organizacional, do futuro do negócio e do desenvolvimento do time de liderança.
A Pulses tem algumas recomendações que podem ajudar o RH a preparar líderes antifrágeis. Confira na sequência!
Com o dinamismo das profissões e o surgimento de atividades que exigem novas habilidades, é preciso rever cargos e funções. Manter planos de carreira faz sentido?
Pode ser que, para determinadas áreas, sim. Contudo, olhar sob a perspectiva antifrágil para os caminhos possíveis dentro de uma corporação elimina qualquer tipo de padrão. Não há como encaixar os times em moldes, e as ascensões devem ser analisadas caso a caso.
Contratar líderes ou colaboradores somente pelo currículo pode ser um equívoco. Já durante a seleção, é necessário compreender se o candidato lida bem com mudanças e se gosta de encarar desafios.
Conscientizar o profissional desde o processo seletivo ajuda a fortalecer a antifragilidade na equipe.
Dar um retorno rápido sobre as entregas e atitudes do dia a dia é outro fator que deve fazer parte da gestão antifrágil. Os líderes não devem apenas estimular essa prática, como também estarem dispostos a dar e receber feedbacks.
Avaliações de desempenho anuais não se enquadram neste estilo. Priorize o retorno rápido e frequente na rotina corporativa.
Os líderes e as equipes não podem temer o erro. E isso vale, principalmente, para os gestores. Por serem figuras de referência, qualquer falha deles parece ter maior projeção.
Esse tipo de equívoco precisa ser revertido, afinal, a liderança é mais uma função dentro de uma empresa. Isso não elimina a possibilidade de errar, e a antifragilidade ensina: o que vale é identificar o erro, lidar com ele, evoluir, corrigir e aprender.
Capacitar o time de gestão para contornar riscos e gerir crises é outro ponto importante. E, aqui, a informação vale ouro!
Líderes preparados estão condicionados ao fortalecimento emocional, a treinamentos práticos e a uma boa base de dados sobre as equipes.
A incerteza sempre vai existir e é a principal força motriz da antifragilidade, mas, ao se deparar com ela, os profissionais agirão com mais segurança se tiverem conhecimento acerca do clima e da cultura organizacional como orientação.
Os dados a que nos referimos no tópico acima são indispensáveis para acompanhar o engajamento e satisfação dos colaboradores quando a empresa busca uma adaptação para a gestão antifrágil.
Aliás, sendo ou não antifrágil, a gestão atual precisa ser People Analytics antes de qualquer outra decisão. E, certamente, se a antifragilidade fizer sentido para o seu negócio, esse direcionamento vai ajudar, e muito, nesse processo!
Então, pratique uma gestão estratégica desde já! Confira um apanhado imperdível sobre o assunto, com framework, vídeo-aula e infográfico:
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